Foto: Mariana Tomaz
Universidade de Évora e SPEA lançam o primeiro censo nacional de coruja-das-torres

A população de coruja-das-torres está a diminuir em Portugal, à semelhança de outras aves típicas de zonas agrícolas. Para conhecer melhor a distribuição e abundância desta espécie no nosso país, o Laboratório de Ornitologia da Universidade de Évora (LabOr-MED) e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) lançam o primeiro censo nacional de coruja-das-torres, que decorrerá entre fevereiro e junho e no qual todos podem participar.

Os organizadores deste primeiro censo nacional de coruja-das-torres convidam os portugueses a participar de duas formas: reportando online os locais onde vejam ou oiçam corujas-das-torres, e participando nos Fins de Semana das Corujas, dias 3, 4, 5, 10, 11 e 12 de março, em que Portugal inteiro irá para a rua, à noite, para ouvir o som inconfundível desta ave.

Os dados recolhidos neste censo ajudarão os especialistas a aferir melhor o estado da espécie no nosso país. Na última década, a coruja-das-torres desapareceu de cerca de metade da área que ocupava em Portugal continental. Nas ilhas, já não há corujas-das-torres na metade oeste da ilha da Madeira nem nas ilhas Desertas. O programa NOCTUA - Portugal da SPEA, que envolve voluntários na monitorização das aves noturnas desde 2009, também revela uma tendência decrescente desta espécie no mesmo período. Segundo Inês Roque, investigadora no LabOr-MED e membro da coordenação do Grupo de Trabalho sobre Aves Noturnas da SPEA, “esta tendência negativa da coruja-das-torres é visível à escala ibérica e poderá estar relacionada com o desaparecimento dos locais de nidificação e com alterações nas nossas áreas agrícolas, como a conversão de culturas tradicionais em culturas intensivas”.

A coruja-das-torres é uma das sete aves de rapina noturnas que existem em Portugal, e podemos encontrá-la em áreas agrícolas, florestas pouco densas e zonas urbanas. Adaptada a viver junto às pessoas, a coruja-das-torres nidifica muitas vezes em edifícios e o mesmo local pode ser ocupado durante décadas. Por isso, basta ficar atento na zona onde vive para poder participar, pois esta espécie tem uma vocalização muito fácil de identificar (oiça aqui).

Para saber mais sobre o censo visite https://corujadastorres.uevora.pt/, onde pode também descarregar um kit educativo, especialmente criado para incentivar a participação de escolas e grupos organizados.

O censo nacional de coruja-das-torres decorre no âmbito dos projetos “Ciência para todos: sustentabilidade e inclusão (SCIEVER)” e “Ciência Cidadã – envolver voluntários na monitorização das populações de aves”.

O projeto “Ciência para todos: sustentabilidade e inclusão (SCIEVER)” é financiado pela Comissão Europeia, através do programa MSCA and Citizens 2022. O consórcio liderado pela Universidade de Lisboa, através do seu Museu Nacional de História Natural e da Ciência, integra um conjunto vasto de parceiros, entre os quais a Universidade de Évora, que são responsáveis pela organização da Noite Europeia dos Investigadores 2022-2023 nas cidades de Lisboa, Braga, Coimbra e Évora. O projeto desenvolve, também, a atividade "Cientistas na Escola", na qual se enquadra o kit educativo deste censo. 

O projeto “Ciência Cidadã – envolver voluntários na monitorização das populações de aves” é financiado pelo Programa Cidadãos Ativos/Active Citizens Fund (EEAGrants). um fundo constituído por recursos públicos da Islândia, Liechtenstein e Noruega e gerido em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian em consórcio com a Fundação Bissaya Barreto. O projeto tem como parceiros a Wilder – Rewilding your days e o Norwegian Institute for Nature Research (NINA).

Publicado em 06.02.2023
Fonte: GabCom | UÉ