Mais duas publicações na revista INVERSO

A Profª Helena Adão e a Alumna Sara Albuquerque estão em destaque no mais recente número da revista Inverso

No rescaldo da COP26, a 26ª Cimeira do Clima da ONU e na senda da ação do Acordo de Glasglow, falámos com Helena Adão, bióloga marinha e investigadora do MARE, Pólo da Universidade de Évora, que nos avançou os mais recentes resultados da expedição oceanográfica M162 Gloria-Flow que se realizou em 2020, integrada numa equipa internacional, multidisciplinar, de vinte e sete cientistas, com o objetivo de estudar a "Falha Glória". A "Zona de Fratura Açores-Gibraltar", também conhecida por Falha Glória, corresponde a uma extensa falha geológica do Atlântico Nordeste, que se estende desde o final do rifte da Terceira, nos Açores, e se prolonga até a Estreito de Gibraltar. Tem cerca de 1000 km de expressão morfológica no fundo do mar, sendo que os processos tectónicos que aí decorrem estão relacionados com grandes sismos e tsunamis, como os que ocorreram em 1755 e em 1969. «É um desafio imperdível na vida de um biólogo marinho. A vida a bordo de um navio oceanográfico é talvez um dos momentos mais gratificantes da vida de um investigador. Tudo o que desejamos desde os nossos primeiros passos na investigação ocorre num navio, equipas multidisciplinares e complementares à distância de uma porta, laboratórios com equipamento muito sofisticado e organização. Todos sabemos que função desempenhar na equipa.» O reconhecimento da importância da meiofauna é muito recente e deve-se principalmente à necessidade de desenvolvimento de indicadores ecológicos para a conservação dos fundos oceânicos, que permitam monitorizar a influência da exploração de recursos naturais nos ecossistemas marinhos. Os diferentes organismos aqui presentes possuem elevada representação na biodiversidade «e têm um papel determinante no funcionamento e integridade dos ecossistemas marinhos e estuarinos devido à sua posição funcional na teia trófica» acrescenta a investigadora. Recentemente tem sido reconhecido o seu papel como "comunidade modelo" para a compreensão dos processos de ecologia marinha em diferentes habitats particularmente no mar profundo.

Sara Albuquerque, bióloga e doutorada em História da Ciência, investigadora no Instituto de História Contemporânea (Pólo da Universidade de Évora): «O livro infantil "Frederico e a planta maravilhosa” resultou (...) dos vários anos de pesquisa em arquivos nacionais e internacionais. Esta história explora as características da planta maravilhosa - Welwitschia - que sobrevive desde o tempo dos dinossauros, vive em condições extremas, mas que se conseguiu adaptar ao clima do deserto do Namibe em Angola. Para além de revelar o encontro do naturalista e da planta, o livro também explora o tema da amizade e como por vezes precisamos de um outro olhar para nos mostrar o que está à frente dos nossos olhos e que não estamos sozinhos, nem mesmo no deserto. Pretende-se assim a disseminação científica para a esfera pública através de uma forma lúdica e divertida, sensibilizando as crianças (e famílias) sobre uma planta estranha que existe no deserto». Frederico ou Friedrich Martin Joseph Welwitsch (1806–1872), médico austríaco e botânico ao serviço da Coroa Portuguesa, foi enviado para África, mais especificamente para as possessões angolanas, entre 1853 e 1860. Esta expedição tinha como objetivo coletar informação relativa a plantas, animais, minerais, entre outros, que mais tarde seria usada para análises científicas, publicações e relatórios, de modo, a determinar seu potencial económico. A 3 de setembro de 1859, no mesmo ano do famoso livro A Origem das Espécies de Charles Darwin, Welwitsch foi o primeiro europeu a descrever a famosa planta do deserto do Namibe, mais tarde denominada de Welwitschia mirabilis, por Joseph Hooker, diretor dos Jardins Botânicos de Kew. Para além da Welwitschia, durante a sua expedição, Welwitsch coletou cerca de 5.000 espécies de plantas, das quais 1.000 eram novas para a ciência. Ver entrevista no programa Rádio Ciência.

Em julho de 2022, o livro da Sara foi incluído no Plano Nacional de Leitura 2027. Significa que passa a ser publicitado no Catálogo PNL, passando a ostentar na capa o selo com a marca Ler+ É uma distinção importante, que reflete o "mérito literário, rigor científico, dimensão estética" reconhecido pelo painel de especialistas que avalia as propostas apresentadas pelas editoras. 

Departamento de Biologia

Publicado em 28.11.2021