A Herdade da Mitra é um hotspot de biodiversidade, fruto da sua localização geográfica e das diversas práticas agrosilvopastoris a que esteve sujeita. Muito se sabe sobre a sua Fauna e Flora, mas sobre o Micobiota (nome equivalente aos anteriores para designar o conjunto das espécies do Reino Fungi) a informação é escassa perante a colossal riqueza de espécies existentes. A natureza críptica dos macrofungos, dos quais muitas vezes só conhecemos os seus “frutos” – vulgarmente denominados cogumelos – dificulta a sua observação e consequentemente o conhecimento das suas populações, ecologia e habitat. No pequeno canteiro, onde termina o montado e começa o logradouro da casa 1 do Departamento de Biologia, foi em plena época de pandemia, que muitas espécies de macrofungos do solo se depararam com as condições ideais para frutificar. E assistimos a uma explosão de cogumelos! Do Outono de 2020 à Primavera de 2021, mais de 40 espécies de macrofungos produziram cogumelos. E o que fazem aqui estes fungos? Muitas espécies vivem decompondo matéria orgânica (folhas, raminhos, dejectos animais, etc.), outras vivem em íntima associação com as raízes de árvores e arbustos, numa perfeita relação de harmonia entre dois Reinos distantes. Mas desconhecemos o que está debaixo dos nossos pés ! Certamente muitos destes macrofungos possuem micélios vastíssimos, que ocupam centenas de metros quadrados, e encontram neste pequeno canteiro o local ideal para frutificar. Outros, de menores dimensões, aproveitam a imensa variedade de substratos a decompor existentes neste pequeno espaço.

Para partilhar todo este conhecimento e o fascínio que sentimos ao observar estes seres enigmáticos produzimos esta placa informativa em que estão elencadas as espécies de macrofungos observadas e as suas companheiras vegetais (as espécies arbóreas) e ainda indicações para saber mais sobre os fungos, as plantas e a biodiversidade da Mitra. Esperamos assim contribuir para sensibilizar todos e todas para a conservação e protecção do Micobiota, hoje em dia tão ameaçado por mobilizações do solo e processos decorrentes das alterações climáticas. Só protege quem conhece, e só conhece quem ama.

Esta foi uma iniciativa apoiada pelo Departamento de Biologia, pelo Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento e pela Vice-Reitoria (Património e Infraestruturas) da Universidade de Évora.

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