O olhar da Biologia sobre obras cujo impacto ambiental e económico teima em ser ignorado
Uma reportagem do jornal Público, publicada em 25 de novembro, aborda as implicações da construção da Ponte-Açude do rio Novo do Príncipe, na bacia do rio Vouga (distrito de Aveiro). Do ponto de vista da gestão ambiental, apesar dos objetivos publicitados de controlo do caudal e da intrusão salina na zona do Baixo Vouga Lagunar, as consequências serão nefastas, como sublinha o Prof. Pedro Raposo de Almeida, docente do Departamento de Biologia e investigador do MARE — Centro de Ciências do Mar e do Ambiente: as espécies de peixes migradores, como a enguia, a lampreia e o sável, poderão simplesmente deixar de existir na bacia do rio Vouga. Os impactos ecológicos são enormes, mas também a economia local, que depende da pesca destas espécies muito procuradas, irá ressentir-se gravemente. Num destaque à parte, foca-se ainda uma intervenção de gestão hidráulica no rio Mondego, em 2017-2018, que prejudicou o sucesso da época de migração da lampreia e do sável em 2019, corroborando a previsão de impactos dessa obra que o Prof. Pedro Raposo de Almeida fez chegar, enquanto ela ainda decorria, à então Administração da Região Hidrográfica do Centro.
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A ponte-açude em causa é a obra principal de um projecto maior com o nome Infra-estruturas Hidráulicas do Sistema de Defesa Contra Cheias e Marés no Rio Velho e Rio Novo do Príncipe.
O Prof. Pedro Raposo de Almeida é o Investigador Principal do projeto AN@DROMOS.PT, é coordenador geral do projeto LIFE Águeda — Conservation and Management Actions for Migratory Fish in the Vouga River Basin, e foi co-coordenador do projeto Habitat restoration for diadromous fish in River Mondego (ver reportagem na National Geographic Portugal)
Departamento de Biologia